03/07/2025

Carga tributária representa 79% do custo de sistemas de baterias no Brasil

Por: Poliana Souto
Fonte: Folha de S. Paulo
O Brasil está próximo de atingir 1 GWh de capacidade instalada em sistemas
de armazenamento de energia com baterias (Battery Energy Storage System,
BESS) em 2025, com 70% desse total concentrado em sistemas isolados.
Apesar do avanço, dados da Greener indicam que os sistemas ainda enfrentam
uma elevada carga tributária no Brasil, que respondem por cerca de 79% do
custo total de adesão.
Segundo Marcio Takata, CEO da consultoria, a expansão tem sido
impulsionada principalmente pela busca por maior confiabilidade, redução de
perdas e diminuição de custos com energia.
"As aplicações residenciais, por exemplo, devem evoluir de maneira significativa
nos próximos anos, com uma curva de redução de custos semelhante à
observada no mercado fotovoltaico brasileiro", afirmou durante evento
promovido pela Huawei Digital Power nesta terça-feira (1º).
Apesar do destaque para aplicações em áreas sem conexão com a rede, Takata
destacou que o BESS também tem ganhado espaço em aplicações ligadas à rede
elétrica, voltadas à ampliação da flexibilidade no sistema de transmissão e
distribuição.
CAPACIDADE atual e crescimento recente
Atualmente, a capacidade instalada de BESS no Brasil é de 685 MWh. Desse
volume, apenas 10% são utilizados em projetos de geração centralizada (utility
scale) e 7,5% em aplicações comerciais e industriais (C&I).
Em 2024, foram adicionados 269 MWh ao sistema nacional, representando um
crescimento de 29% em relação ao ano anterior. No cenário global, os sistemas
de armazenamento com baterias já somam 200 GW de capacidade instalada.
DESAFIOS REGULATÓRIOS e custos tributários
Apesar do avanço, os sistemas de armazenamento ainda enfrentam uma elevada
carga tributária no Brasil. Segundo a Greener, os tributos representam cerca de
79% do custo total de adesão aos sistemas, sendo que o ICMS corresponde a
36% desse montante.
Mesmo assim, a expectativa é de queda gradual nos preços, especialmente com
o aumento da adoção residencial.
"Hoje, quase 70% do preço de uma solução de armazenamento de energia
reside na bateria. Naturalmente, você tem também o inversor, o software e
outros elementos que compõem um sistema de armazenamento de energia.
Mas, bateria, sem dúvida, é um elemento muito importante e estamos vendo
uma evolução muito grande no sentido de redução dos custos", disse.
PERSPECTIVAS de investimento e crescimento até 2030
De acordo com a Greener, a demanda por componentes de BESS cresceu 89%
em 2024 frente ao ano anterior, com parte das instalações previstas para entrar
em operação até 2025.
A estimativa da consultoria é de que o mercado de armazenamento de energia
junto ao consumidor movimente mais de R$ 22,5 bilhões em investimentos até
2030.
No cenário internacional, o mercado global de BESS deverá ultrapassar 760
GW até o fim da década, com China e Estados Unidos liderando em aplicações
de utilities.
Alemanha e Itália são destaques em soluções atrás do medidor (behind the
meter), enquanto América Latina e regiões do Pacífico ainda enfrentam desafios
regulatórios e altos custos de capital que limitam uma expansão mais acelerada.
Para Takata, o armazenamento de energia é fundamental para a transição
energética no Brasil, viabilizando maior integração de fontes renováveis e
oferecendo estabilidade à matriz elétrica.
"Como solução para mitigar curtailment e lidar com a inversão de fluxo, o BESS
continua avançando, impulsionado pela crescente demanda e pela
competitividade de preços", concluiu.