22/08/2024

Pix Automático vai corrigir falha de mercado nos pagamentos recorrentes, diz BC

Por: Mariana Ribeiro
Fonte: Valor Econômico
O chefe adjunto do departamento de competição e de estrutura do mercado
financeiro do Banco Central (BC), Breno Lobo, disse, nessa quarta-feira (21),
que o Pix Automático vem para corrigir uma falha de mercado existente hoje
nos pagamentos recorrentes.
O recurso, previsto para ser lançado em junho de 2025, funcionará de maneira
semelhante ao débito automático e permitirá, por exemplo, pagamentos de
contas de luz, água, mensalidades de academias e planos de saúde.
Lobo afirmou que o débito automático ainda é uma opção muito restrita aos
principais bancos e às grandes empresas. “Temos relatos de várias empresas
que tentaram colocar a função, mas não conseguiram”.
O cartão de crédito, por sua vez, funciona como uma boa opção de
pagamento para alguns segmentos, como de streaming, mas não está
disponível de forma ampla para a baixa renda, por exemplo, acrescentou.
“Vimos que existia essa falha no mercado de pagamentos recorrentes e
decidimos usar a estrutura do Pix para trazer benefício para clientes, empresas
e para os próprios serviços de pagamentos”, disse Lobo, em evento promovido
pela Associação Brasileira de Bancos (ABBC). “Qualquer um dos 850
participantes do Pix poderá ofertar o recurso se quiser", disse. Ele comentou
ainda que há outras 100 instituições na fila para fazer parte do Pix.
O Pix Automático seria lançado em 28 de outubro deste ano, mas, no mês
passado, o BC adiou a vigência para 16 de junho de 2025.
Agenda futura
Sem citar datas, Lobo afirmou que o BC trabalha para ligar o sistema de
pagamento instantâneo brasileiro com o de outros países e viabilizar o Pix
Internacional. De acordo com ele, isso deve ficar disponível “em alguns anos”.
Ele destacou que, enquanto isso, surgem iniciativas de mercado que já estão
permitindo pagamentos com Pix em alguns países, como Argentina e Estados
Unidos.
Em relação ao Pix Garantido, ele afirmou que o BC observa as diferentes
formas de parcelamento via Pix que já surgiram no mercado e avalia se será
necessária alguma padronização específica.
O regulador, acrescentou, também avalia a implementação de uma espécie de
débito direto autorizado (DDA) no Pix – como existe para os boletos – e a
utilização da estrutura do sistema de pagamento instantâneo para registrar o
fluxo de informações quando há mudança de titularidade do beneficiário de
uma duplicata escritural.
Presente no mesmo painel, Gabriel Cohen, responsável pela área de regulação
financeira da Stone, disse ainda ver potencial de, no futuro, o Pix ser usado
como garantia de operações de crédito, assim como ocorre hoje com os
recebíveis de cartões.