Ex-Julius Baer lançam gestora com foco no mercado imobiliário dos EUA
Por: Liane Thedim
Fonte: Valor Econômico
Depois de um ano sendo formatada, a inVista Real Estate mostra a cara ao
mercado pela primeira vez, lançando seu fundo que investe em Real Estate
Investment Trusts, os Reits, fundos imobiliários listados na bolsa americana,
equivalentes aos nossos FIIs. Criada por dois ex-Julius Baer, Marcelo Rainho e
Thiago Leomil, a casa já nasce com R$ 1,5 bilhão sob gestão e terá fundos que
vão espelhar os que a dupla administrava no multifamily office.
Rainho e Leomil gostam de enfatizar que têm “formação de chão de fábrica”
no mercado imobiliário. Isso porque iniciaram a carreira no ano 2000 em
incorporadoras, como Even, Gafisa, Camargo Corrêa e Tenda, até que em 2013
montaram sua primeira gestora, a Vista Real Estate, vendida em 2017 à XP.
Rebatizada de XP Vista, a asset teve os dois executivos à frente até 2019,
quando eles entraram para a Julius Baer. No multifamily office, até 2022, foram
responsáveis por todos os investimentos imobiliários das famílias dentro e fora
do Brasil. “Depois da incorporação e da gestão, o escritório foi a nossa terceira
grande escola, atuando como alocadores”, conta Rainho.
Nessa temporada no Julius Baer, perceberam a lacuna no mercado brasileiro de
um time especializado com experiência em incorporadoras. Deixaram, então, o
escritório para, novamente, partir para um negócio próprio. “O maior
percentual da Faria Lima é de financeiras fazendo ‘real estate’. E somos um time
de ‘real estate’ fazendo operações financeiras”, frisa Leomil.
Em janeiro de 2023, então, passaram a organizar a inVista. A proposta,
afirmam, é ser uma curadoria de investimentos imobiliários de clientes
institucionais. “Os brasileiros investem muito em imóveis, mas não
rentabilizam como deveriam”, diz Rainho. O público-alvo são single e
multifamily offices, gestoras e fundos de pensão, com distribuição da Brunel
Partners, especializada nesse público. “A gente olha tanto investimentos
financeiros via fundos quanto para patrimônio imobiliário dos investidores”,
explica Rainho.
O primeiro fundo, o inVista Sugi US Reits, foi montado em parceria com a
Sugi, gestora americana que investe em Reits há mais de 20 anos e assessora na
escolha dos empreendimentos. A carteira tem 20 papéis, em média, em 13
setores, de residencial a escritórios e torres de celular. “O mercado dos Reits é
muito grande, de US$ 1,3 trilhão, então temos muita liquidez”, diz Rainho. “Por
dia, são mais de US$ 80 bilhões. Mais de 25 Reits fazem parte do S&P 500.”
A ideia é abrir ainda este ano outros fundos. Os próximos já definidos serão
focados em crédito imobiliário e outro em empreendimentos “built to suit”,
construídos especificamente para um locatário predeterminado e com contratos
de longo prazo. Os dois serão concentrados nos Estados Unidos e também
espelharão operações que a dupla fazia no Julius Baer.
Rainho explica que a montagem dos produtos acabou sofrendo interferência
das discussões em torno da taxação dos fundos fechados exclusivos ou restritos.
“De setembro para a frente as famílias já não analisavam mais nada. Agora que
a lei se materializou, as casas institucionais estão voltando a olhar para fora.”