31/03/2025

Empresas brasileiras aproveitam boom de stablecoins para expansão internacional

Por: Ricardo Bomfim
Fonte: Valor Econômico
Empresas brasileiras que trabalham com infraestruturas tecnológicas
blockchain estão aproveitando o boom das stablecoins e o avanço da
regulamentação para expandirem sua atuação internacional. É o caso da Parfin
e da BRLA Digital, que estão fazendo seus primeiros movimentos no mercado
argentino.
No caso da Parfin, a empresa obteve as licenças operacionais para atuar como
prestadora de serviços de ativos virtuais (PSAV) em Portugal e na Argentina e
está aproveitando a oportunidade para fornecer plataforma de compra e venda
de criptomoedas, custódia e liquidação para companhias locais que desejem
entrar no setor. “Nosso foco tem sido muito em infraestrutura de pagamentos
internacionais com stablecoins. O uso de stablecoins para se proteger do
câmbio na Argentina ainda é muito forte, é uma economia muito dolarizada”,
afirma Marcos Viriato, CEO da Parfin.
Uma das expectativas que Viriato tem em relação ao país é de que as instituições
financeiras passarão a oferecer produtos e serviços de ativos digitais para seus
clientes, aproveitando o ambiente regulatório mais favorável sob a gestão do
presidente Javier Milei. Na administração de Alberto Fernández, o banco
central argentino proibiu a oferta de serviços com criptoativos por parte de
bancos do país logo depois do Banco Galicia anunciar que permitiria a compra
e venda de bitcoin, ether e outras moedas digitais.
Para a Europa, o executivo diz que o interesse não é tanto em stablecoins, e sim
em oferta de negociação de moedas digitais por outras empresas. “Stablecoin é
algo que tem muito mais apetite em países em desenvolvimento para proteção
da moeda. O euro é o euro. Nossa PSAV em Portugal é para que as instituições
financeiras operem cripto”, acrescenta.
Já a BRLA atualmente opera o trilho de Pix para pagamentos de compras de
brasileiros na Argentina ou de argentinos no Brasil. Além disso, a empresa
também trabalha provendo a infraestrutura de stablecoins para exportações e
importações de máquinas agrícolas. “Os clientes usam stablecoins por ter
menos burocracia e custo reduzido. Cada máquina sai na casa de US$ 150 mil,
então se conseguir ter uma economia, mesmo que de 1% a 2%, já é muito
relevante”, destaca Leandro Noel, co-CEO da BRLA.
A BRLA possui uma entidade na Argentina e outra nos Estados Unidos,
posicionando-se para a postura pró-cripto de Donald Trump. “Temos visto
muito crescimento de fluxo entre subsidiária e matriz (intercompany). São casos
de gestão de tesouraria: de repatriação ou financiamento da operação local. Isso
é algo em que vemos crescer”, prevê Noel. “A mensagem mais otimista é que
vai ficar mais fácil globalizar a economia e fazer os outros aderirem ao ambiente
global de maneira mais eficiente. As criptomoedas são ativos globais por
natureza.”