Eike Batista e o embate com ex-diretor da OGX para salvar o último bilhão
Por Josette Goulart
Fonte: Revista Veja
Eike Batista tem convicção de que o fundo que detém as debêntures da
Anglo American, fruto do negócio da IronX, será suficiente para pagar toda
a massa falida da MMX Mineração, os acordos de delação feitos com a
Procuradoria Geral da República e ainda vai sobrar um troco para ele. O
leilão para a venda das debêntures já foi determinado pelo juízo da falência
da MMX. Eike estima que pode conseguir mais que 1,5 bilhão de reais desta
venda, apesar de o fundo que detém as tais debêntures faça uma marcação
a mercado do ativo em apenas 200 milhões de reais.
Mas no meio do caminho, Eike está em uma disputa com Paulo Gouvêa, exdiretor
da EBX e hoje à frente do SPAC Itiquira. Gouveia tem um percentual
minoritário do fundo Botafogo, que detém as debêntures da
AngloAmerican, e conseguiu na Justiça evitar que Eike possa votar nas
assembleias do fundo. Essa participação de Gouvêa no Botafogo se dá pelo
Fundo Itaipava, da qual Eike alega que Gouveia é o cotista único. O fundo
Itaipava por sua vez alega que tem direito de preferencia na compra das
debêntures depois que o juízo da falência da MMX mandou dissolver o
fundo Mercatto, que era o titular do fundo Botafogo e a titularidade foi
transferida para Eike.
Na última assembleia, realizada nesta semana, Eike não votou, como
determinou a Justiça, mas fez constar da ata um questionamento para
tentar complicar a vida de Gouveia. Eike diz que Gouvêa é diretor e um dos
principais sócios da administrador de recursos Ygeia, que geria o fundo
Botafogo. Pelas regras da CVM, seria conflito de interesses. A última
assembleia tratava justamente da mudança de gestor. O medo que Eike
alega na briga com Gouvêa é de ser diluído no fundo ao não poder votar
nas assembleias caso sejam aprovados aportes que não possa acompanhar.
Já os minoritários do fundo Botafogo querem que em vez de as debêntures
serem leiloadas, que as cotas de Eike no fundo é que sejam vendidas.