16/11/2020

Dono da Rede Hortifruti avalia venda de empresa e até abertura de capital na Bolsa

Por: Bruno Rosa
Fonte: O Globo

RIO - A rede Hortifruti, uma das mais conhecidas do Rio, pode mudar de
mãos no próximo ano. De acordo com fontes, a gestora suíça Partners
Group, que detém 100% das ações da empresa, já iniciou sua estratégia
para buscar novos sócios.
Uma fonte ligada ao projeto destaca que o fundo pode vender todas as suas
ações ou parte do capital que detém hoje na empresa conhecida por vender
legumes e verduras, que fatura cerca de R$ 2 bilhões por ano e tem sete mil
funcionários. Uma abertura de capital na B3, a Bolsa de Valores, também
não está descartada.
A rede Hortifrutri se fundiu em 2015 com a Natural da Terra, empresa que
também vende legumes e verduras com forte atuação em São Paulo.
Atualmente, das 64 lojas, 48 estão no Rio de Janeiro, além de 13 em São
Paulo. As outras estão em Minas Gerais e Espírito Santo. Para analistas de
varejo, os pontos de venda tendem a gerar interesse de concorrentes.
Em nota, a empresa disse que "está em constante avaliação de
oportunidades de mercado e negócios". Destacou ainda que analisa
diversos tipos de operações que permitam captar recursos necessários para
continuar sua trajetória de crescimento. "Isso inclui a possibilidade de um
IPO, porém, não há, no momento, nenhuma agenda de curto prazo neste
sentido", ressaltou a empresa.
Segundo uma outra fonte, o fundo suíço pretende abrir um processo de
venda para testar "o apetite do mercado". O assessor financeiro ainda não
foi escolhido. A primeira fase será chamada de não vinculante, quando vai
receber propostas de potenciais interessados. E, depois, se for bem
sucedida, vai iniciar conversas exclusivas. Essa mesma fonte destacou que
pode ser feita uma operação conjunta no mercado de capitais.
Essa mesma fonte destacou que um dos processos mais complexos é
acomodar o interesse dos bancos credores e manter a taxa de retorno
atrativa para a gestora suíça, que está presente em 20 países e com quase
US$ 100 bilhões de ativos em gestão. A empresa não divulga o volume de
suas dívidas.
O consultor de varejo, Antonio Fernandes, destacou que as margens do
setor são baixas. Isso porque, diz ele, a venda de legumes e verduras,
principal fonte de receita do grupo, exige custos altos e tem um ciclo de
vida muito curto.
Empresas desse segmento vêm enfrentando dificuldade maior nesse
momento, pois os custos estão maiores e a renda do consumidor está mais
apertada - disse Fernandes.
A rede vem nos últimos anos apostando em uma série de mudanças para
aumentar sua lucratividade. A primeira foi ampliar a oferta de produtos nas
lojas, desde carnes e peixes a bebidas em geral e laticínios. Neste ano, a
companhia passou a criar modelos de lojas que funcionam apenas como
pontos de distribuição, com foco no delivery.
- A empresa passou a vender até flores e produtos com preços maiores,
como queijos importados e itens de delicatéssen, mas o principal ativo da
rede são os pontos de venda no Rio. A empresa está em locais nobres e
cobiçados pela concorrência - afirma Fernandes.
A Hortifruti Natural da Terra conta com uma frota com mais de 230 veículos
que transporta 16 mil toneladas de frutas, legumes e verduras todos os
meses.