23/06/2021

Dona da marca mineira de moda de luxo Skazi se diz ‘ surpresa’ com operação Ponto Sem Nó

Por Cibelle Bouças, Valor — Belo Horizonte
Fonte: Valor Econômico
O grupo AMC Têxtil, dono da marca de moda de luxo mineira Skazi, afirmou
em nota que “recebeu com surpresa a força-tarefa” da Operação Ponto
Sem Nó, nas dependências de sua fábrica, em Belo Horizonte.
“Em razão da Operação Ponto Sem Nó, ocorrida na manhã desta terça-feira,
22 de junho, a Skazi recebeu com surpresa a força-tarefa nas dependências
de sua fábrica, em Belo Horizonte, e está colaborando com os órgãos
competentes e se coloca à disposição da Justiça para o esclarecimento dos
fatos”, diz em nota.
De acordo com informações do Ministério Público, os investigados seriam
responsáveis por manter um esquema contínuo de sonegação de ICMS na
venda de roupas e acessórios de luxo, causando um prejuízo milionário aos
cofres públicos. O valor total sonegado ainda é mantido em sigilo. Além de
crimes tributários, os responsáveis pela marca podem responder pelos
crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e falsidade
ideológica.
Hoje de manhã, a força-tarefa montada pelo Ministério Público de Minas
Gerais, pela Receita Estadual e pela Polícia Civil cumpriu 18 mandados de
busca e apreensão em Belo Horizonte e Nova Lima (MG) contra
empresários, diretores e funcionários da Skazi.
Francisco Lara, auditor fiscal da Receita Estadual, que participa da
operação, disse que a empresa começou a ser investigada após denúncias
de que a marca Skazi constituiu várias empresas pequenas para ser incluída
no regime do Simples Nacional e, com isso, pagar menos impostos. Além
disso, houve denúncias de que a empresa vendia produtos sem nota fiscal
ou com valor na nota fiscal abaixo do que era pago pelas clientes. “Chamou
a atenção o fato da marca estar no Simples Nacional porque não condiz com
o porte da empresa”, afirmou Lara.
De acordo com a delegada da Polícia Civil Karla Hermont, na manhã de hoje
foram recolhidos documentos, computadores e celulares da Skazi e de
executivos da marca.
Rodrigo Storino, promotor de Justiça, disse que hoje não é possível afirmar
se o grupo AMC Têxtil tem participação direta na prática de crimes da
marca. “Mas certamente eventuais crimes anteriores acabaram
favorecendo a negociação de venda da marca, para a marca ganhar
notoriedade nacional. Agora é preciso analisar as informações obtidas hoje
para ter uma visão mais completa do caso”, afirmou Storino.