07/10/2025

CME terá negociação 24/7 de futuros de criptomoedas em meio a aumento da demanda

Por: Ricardo Bomfim
Fonte: Valor Econômico
O CME Group anunciou que lançará a funcionalidade de negociação de futuros
e opções de criptomoedas 24 horas por dia e sete dias por semana. As moedas
digitais serão os primeiros ativos a operarem sem as restrições do horário de
funcionamento dos mercados dos Estados Unidos.
Este movimento revela uma adaptação do mundo das finanças tradicionais à
maneira como as coisas são feitas no ecossistema descentralizado. Em cripto,
jamais houve horário comercial com abertura e fechamento. E a demanda por
derivativos de criptomoedas explica por que mesmo a centenária Bolsa de
Chicago correu para se atualizar.
Recentemente no Brasil, Giovanni Vicioso, head global de produtos de
criptomoedas do CME Group, conversou com o Valor sobre as estratégias da
empresa. Vicioso afirmou que desde o lançamento dos fundos negociados em
bolsa (ETFs) à vista de bitcoin (BTC) e ether (ETH) houve um aumento na
negociação de futuros de ativos digitais.
Neste ano, o executivo afirma que o interesse por produtos além do bitcoin
cresceu muito. “Particularmente o ether. Quando olhamos para o ether, em
média, o volume negociado em relação ao bitcoin de janeiro a julho era 25%.
Em agosto, esse número saltou para 80%, chegando a US$ 6 bilhões de volume
nocional no mês”, detalha.
De acordo com Vicioso, isso demonstra que a narrativa cripto para o investidor
que opera derivativos no CME não é mais limitada ao bitcoin. “As instituições
não estão abandonando o BTC, mas passaram também a negociar e gerenciar
risco com ether e solana (SOL)”, diz.
O head de cripto da CME destacou que os futuros de solana e XRP
ultrapassaram US$ 1 bilhão em juros em aberto. Os juros em aberto, ou open
interest, representam o número total de contratos de derivativos que estão
ativos no mercado e ainda não foram liquidados, ou seja, não foram encerrados
nem exercidos.
“O contrato de XRP foi o mais rápido da história da CME a alcançar essa
marca, em apenas três meses. Isso indica que as instituições estão se adaptando
rapidamente a essas novas criptomoedas”, diz Vicioso.
Para o executivo, a mudança de postura do governo americano em relação aos
criptoativos durante o governo Trump foi fundamental para esta expansão. “O
que está claro é que há sim um posicionamento mais favorável do governo
americano em relação às criptos. Globalmente, há mais clareza regulatória”,
argumenta.
De olho na popularidade dos chamados contratos perpétuos de criptomoedas,
Vicioso comenta que a CME lançou recentemente os “spot-quoted futures”,
que são contratos pequenos, de 1/100 de um bitcoin ou 0,2 de um ether, sempre
cotados ao preço de mercado.
“Diferente dos perpétuos, eles têm vencimento anual, o que traz eficiência
operacional: o investidor só precisa se preocupar em rolar a posição uma vez”,
explica.
Vicioso disse ainda que não enxerga as empresas de tesouraria de ativos digitais,
a exemplo de Strategy e Metaplanet, como concorrentes dos derivativos de
criptomoedas. Elas seriam, ao contrário, uma maneira complementar para o
investidor se expor a cripto dentro da bolsa e ainda trariam mais demanda para
os derivativos.
“Essas empresas compram e mantêm criptoativos como bitcoin, ether ou
solana. Mas elas também precisam de estratégias de hedge e de geração de
rendimento. É aí que futuros e opções entram, ajudando a gerenciar risco ou
mesmo a buscar alfa adicional”, defende o executivo.