Magda Chambriard: Troca de comando na Petrobras deve levar de um a dois meses
Por: Malu Gaspar
Fonte: O Globo
Apesar de a decisão de trocar o comando da Petrobras ter sido comunicada de
repente e pego toda a cúpula da companhia de surpresa, a substituição de Jean
Paul Prates por Magda Chambriard ainda vai levar pelo menos um mês -- ou
até mais, dependendo de como vai se solucionar a controvérsia interna sobre o
rito que é necessário realizar para que ela assuma.
Isso porque embora haja consenso entre os acionistas de que antes de ser
confirmada no posto a nova CEO ainda precisa passar pelo processo de
verificação do currículo e de eventuais conflitos de interesse, minoritários e
representantes do governo no conselho divergem sobre a necessidade de
realizar uma assembleia de acionistas para confirmar Magda no conselho.
Para os minoritários, a realização de uma assembleia extraordinária é necessária
porque o estatuto da Petrobras estabelece que só pode ser presidente da
empresa quem for conselheiro. Portanto, Magda precisaria primeiro ser eleita
pelo conselho para depois ser escolhida presidente pelos colegas do colegiado.
Como na Petrobras vigora o esquema do voto múltiplo, em que os acionistas
votam em cada conselheiro e não em uma chapa, por lei seria preciso fazer uma
nova eleição para eleger todos os membros do conselho novamente e só então
confirmar Magda Chambriard no cargo.
Os presidentes da Petrobras desde o primeiro governo Lula
Nesse caso, como há um prazo mínimo de antecedência de 30 dias para a
convocação de uma assembleia, mesmo que o nome da nova CEO seja
aprovado muito rapidamente pelos órgãos internos da Petrobras, nada
aconteceria antes desse prazo.
Ocorre que a direção da Petrobras e a ala do conselho inomeada pelo governo
tem outra interpretação da lei e pretendem implementá-la. De acordo com essa
visão, basta confirmar a Nesse caso, bastiaria eleger Madga no próprio conselho
e depois ratificá-la na primeira assembleia-geral de acionistas que ocorrer. A
meta do governo é instalar a nova CEO no cargo o mais rápido possível, mas
isso ainda vai depender do processo de checagem do currículo e do histórico
dela.
Revolta entre minoritários
Desde a noite de terça-feira, quando a demissão de Prates foi confirmada pelo
governo, os representantes dos minoritários da Petrobras entraram em
polvorosa, indignados com o fato de terem sido comunicados apenas pela
imprensa das mudanças. Outro fator que causou revolta entre os minoritários
foi a escolha ter acontecido apenas 20 dias depois da assembleia que elegeu o
novo conselho e ratificou Prates no cargo.
"Esse tipo de decisão só mostra a negligência com que o governo está
tratando a Petrobras com negligência, sem respeito pelos acionistas",
afirmou o advogado Leonardo Antonelli, representante legal de Juca
Abdalla, maior acionista individual da empresa, com 2,5% das ações.
"Isso passa uma péssima imagem no exterior e certamente vai afetar o
valor de mercado. É ruim para a empresa e ruim para o Brasil", disse ele.
Nos bastidores, os minoritários afirmam que os minoritários não votarão por
Magda nem na assembleia, para que ela seja conselheira, e nem no conselho,
para que se torne CEO. Como o governo tem a maioria nos dois fóruns, eleger
a escolhida por Lula não deve ser um problema, embora possa demorar mais
do que o governo espera.
A questão é que a nova CEO já chega na Petrobras com o ambiente interno
conflagrado. Isso vai dificultar ainda mais cumprir as já complexas promessas